Soluções legislativas necessárias pra instituir o dia da fundação de Ataléia

O município de Ataléia destaca-se no cenário mineiro como região de pecuária forte, que contribui para abastecer o mercado de carne e de leite desta e de outras regiões. 

                        Habitado por gente ordeira e trabalhadora, que almeja o bem estar da população e a prosperidade do lugar, é também um município de grande potencial turístico, sobretudo pelas belezas naturais de sua cadeia de montanhas, ideal para ser aproveitada como entretenimento e para atrair turistas interessados na prática de esportes de modalidades de escaladas às íngremes pedras da região, rapel, voo livre, passeios panorâmicos, etc., o que, se explorado adequadamente, pode gerar empregos e divisas para o município.

                        Apesar de contar com boa estrutura, compatível com as pequenas cidades do Estado de Minas Gerais, notamos a falta de alguns dados históricos essenciais ao resgate e preservação da memória do município.

                        Por exemplo, não existe nos anais da Prefeitura ou da Câmara Municipal de Ataléia qualquer registro indicativo da data da fundação da cidade, em razão do que esse dia tão importante para a história do município não é  comemorado de qualquer modo, ou sequer lembrado.

                        Na verdade, a Prefeitura promove uma comemoração no dia 31 de dezembro, que, a rigor, não é o dia da fundação de Ataléia, mas sim a data da emancipação política do município.

                        Conforme dados constantes do livro “A Família Alves Teixeira Que Viu Ataléia Nascer”, edição 2007, de autoria de Adão Alves Teixeira (*), filho da terra, o povoado de Ataléia foi fundado por Antonio Lemos de Souza e Vicente Pedroso dos Santos no dia 29 de outubro de 1.930.

                        Consta da referida obra, sobre a fundação da cidade, o seguinte:

“Devido ao isolamento e à grande distância até a cidade de Itambacuri, sede do município, ou de Teófilo Otoni, maior polo comercial da região e, considerando também a fertilidade das terras e o clima próprio para agricultura e criação de gado, as riquezas minerais, as águas cristalinas dos rios Norte, Prata, Cibrão, São Mateus e seus afluentes, as fazendas em fase de formação e a chegada de imigrantes interessados nas riquezas da região, Antonio  Lemos e Vicente Pedroso começaram a aventar a possibilidade da criação de um povoado naquele ponto.

Antonio Lemos levou a ideia da criação do povoado às autoridades de Teófilo Otoni e aos padres da Ordem dos Capuchinhos, em Itambacuri, obtendo total apoio de todos.

A ideia tomou vulto e Antonio Lemos e Vicente Pedroso, ainda no começo do ano de 1.930, empreitaram a derrubada de mais de dois alqueires de mata dentro da posse desse último, entre o Rio Norte e a base de um grande morro, com o início da clareira no local onde hoje se situa o Posto de Gasolina dos herdeiros de Cesário Esteves do Nascimento, indo até onde atualmente está localizada a Prefeitura Municipal de Ataléia.

Nesse derrubado, destinado à formação do povoado idealizado pelos dois, eles demarcaram as ruas e, logo depois Antonio Lemos construiu a sua casa de morada, feita de adobes por Manoel Pedreiro, que veio de Pedro Versiani especialmente para essa finalidade, num lote comprido que ia até a beira do rio. A casa ficava no início da clareira, quase em frente ao referido posto de gasolina, para onde mudou-se em 29 de outubro de 1.930, data do início do povoado. Desta primeira casa originou-se a cidade, sem o lançamento de pedra fundamental, sem festa, foguetes ou discursos.” (obra citada, fls. 118 e 119).

      

                        Em fevereiro de 1931 Frei Gaspar de Módica veio da cidade de Itambacuri em longa e cansativa viagem a cavalo, e celebrou no povoado  missa inaugural da capela recém construída pelos moradores da nova região, quando deu ao lugar o nome de Santa Cruz do Norte, em homenagem à cruz, símbolo do cristianismo, e ao Rio Norte.

                        Anos depois o povoado de Santa Cruz do Norte foi emancipado politicamente, através do Decreto-lei Estadual nº 1.058, de 31 de dezembro de 1943, quando foi elevado à categoria de município e passou a chamar-se Ataléia, sua atual denominação.

                        Dessa forma, necessário se faz instituir oficialmente a data da fundação de Ataléia, ocorrida em 29 de outubro de 1930, para que esse fato atinja o domínio público e possa ser lembrado pela população e comemorado civicamente, no dia certo, principalmente nas escolas do município.

                        Inegavelmente, trata-se de matéria de suma importância para a história da municipalidade.

                        Para oficializar a data da fundação há necessidade de lei municipal, a ser criada através de projeto de lei de iniciativa de algum dos Srs. Vereadores da Câmara Municipal de Ataléia, para posterior sanção do Sr. Prefeito Municipal.

                        Fica, portanto, a sugestão para que os políticos de Ataléia  possam preencher essa lacuna existente na história regional, através de criação de uma lei municipal com o objetivo de instituir o dia 29 de outubro como data oficial da fundação da cidade de Ataléia, e declarar esse dia como feriado municipal. 


                               (*) Adão Alves Teixeira, natural de Ataléia, é juiz de direito aposentado e atualmente exerce a advocacia na cidade de Goiânia-GO