P. Riscada

P. Riscada
Pedra Riscada, um gigante de Minas

Ipê

Ipê
Paisagem com ipê florido

Paisagem com cáctus

Paisagem com cáctus
As grandes montanhas, as serras , os vales

Torre

Torre
A santa cruz do Norte

sábado, 5 de março de 2011

Tekinha, um bravo das montanhas

Darlos Gonçalves dos Anjos, 37 anos, conhecido por Tekinha, é um exímio escalador das montanhas de nossa região. Ele é o principal guia nas excursões nos arredores de Ataléia e faz tudo isso por dedicação ao esporte e amor à sua região. Não aceita nenhum tipo de remuneração para conduzir os turistas de Ataléia ou de fora que se aventuram pelas trilhas nas rochas. Segue, na íntegra, uma entrevista concedida a Renato Teixeira, em que fala sobre seu trabalho voluntário.


MM: Você é o principal guia das expedições nas pedras de Ataléia. Quando esse interesse pelas escaladas começou?


Tekinha: Desde pequeno eu me perguntava quando chegava até a ponte e via as montanhas: será que alguém já subiu lá no alto?, será que dali eu pegaria no céu?, poxa, é tão alto! Muitos anos mais tarde, meu irmão Fábio e um amigo dele, o Lidiomar, tentaram subir uma daquelas pedras, mas encontraram dificuldades pelo caminho. Numa nova tentativa me convidaram para ir junto com eles. Reunimos também Pedro Paulo, Vaguinho e meu primo Janinho e essa foi a primeira vez que conquistamos a pedra. Isso foi em 1995. Saimos de madrugada e encontramos muitas dificuldades também. Era a Pedra do Roncamento. Sofremos para caramba e quebrando muito mato, conseguimos chegar no topo. Quando chegamos lá, nossa, que visão! Aquele mundo de montanhas! A paisagem era linda demais! Então, resolvemos reunir um grupo de pessoas para ir também, pois realmente era muito bonito o que a natureza tinha a nos oferecer. A partir daí não paramos mais. De uma segunda vez, encontramos Jefinho tomando banho no Roncamento, que nos perguntou onde tínhamos ido e informamos que tínhamos subido a pedra. Ele disse que o sonho dele era subir ali e pediu para ir também e assim nasceram as expedições que duram até hoje.


MM: Você vê potencial turístico em nossas montanhas?


Tekinha: Sim. Muito. Porque nossa iniciativa repercutiu bastante. Até gente de fora de Ataléia, inclusive escaladores profissionais de Belo Horizonte, que viram nossas fotos via internet, vieram para cá e me convidaram como guia. O potencial é grande. Dá para pular de paraglider ou de asa delta. Recentemente, estive até pensando que existe possibilidade, já que a Pedra do Sr. Delson é mais alta que a Pedra do Roncamento, de fazer um teleférico unindo as duas pedras. Sei que não temos condições, mas, cara, seria chique demais! Uma pedra ligando na outra e descendo no Roncamento, bem lá no rio. Seria lindo demais!


MM: Tekinha, quais são as pedras mais difíceis de escalar em Ataléia?


Tekinha: De todas, a única que subestimamos mesmo foi a Pedra do Bode. Porém, se você tiver um equipamento seguro, um tênis com bastante aderência, dá para subir. O difícil é subir o primeiro. Ele sobe e quando chega num assento, joga a corda e puxa os outros. Da primeira vez quem subiu foi o Jefinho, pois meu tênis não estava apropriado. Da segunda vez, eu comprei o tênis certo e  subimos juntos. Já fomos duas vezes lá e estamos querendo ir pela terceira vez.


MM: Qual a sua montanha preferida?


Tekinha: A Pedra do Poterrão. Além do longo trajeto, a descida é uma comédia, com gente escorregando toda hora. E o tempo que leva também. São quase 4 horas de subida. Sem dúvida, é a melhor.


MM: Você acha que a ação do homem tem degradado o habitat das montanhas de nossa região?


Tekinha: Sim. Desmatamento, entendeu? O fogo também. Aí, acaba mesmo. Se não preservar, a tendência é só acabar mesmo. Então, tem que tentar valorizar.


MM: O que você pensa sobre a importância da preservação ambiental nos dias de hoje?


Tekinha: Com certeza é importante preservar. Tem que ter qualidade de vida. Se você analisar, a própria Mata Amazônica, segundo uma reportagem, possui cerca de 3 mil serrarias. São milhares de motosserras. Imagine quantas árvores são derrubadas. Então devemos cuidar da natureza mesmo. Os animais, com tudo isso, acabam indo parar nas cidades. É importante preservar.


MM: Você tem alguma sugestão ou projeto para o turismo daqui?


Tekinha: Continuar divulgando nosso trabalho e tentar ver até com os órgãos públicos, porque aqui é lindo demais. Talvez eles podem querer investir mais no turismo, nos apoiar mais.


MM: Tekinha, gostaria de agradecer pela entrevista e parabenizá-lo pelo trabalho realizado.


Tekinha: Também agradeço pela oportunidade, mas não sou eu sozinho. Nossa turma de excursão chama-se Ataléia Adventure, composta também por  Jefinho, Vaguinho, Ponesa, Ailton e outros. Isso mesmo: Ataléia Adventure.      

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